No setor farmacêutico, há uma corrida multibilionária para superar os populares medicamentos contra a obesidade da Novo Nordisk e da Eli Lilly. Muitas empresas, grandes e pequenas, estão testando novos remédios que afirmam ser mais potentes, convenientes ou com menos efeitos colaterais do que os já conhecidos Wegovy da Novo e Zepbound da Lilly. No entanto, essas duas empresas também estão desenvolvendo suas próximas gerações de medicamentos.
Nos próximos seis meses, espera-se que sejam divulgados dados de vários medicamentos que estão se destacando nessa competição acirrada. Os resultados serão observados de perto, pois definirão as expectativas para o futuro do mercado de medicamentos contra a obesidade, atualmente dominado por Lilly e Novo.
**Zepbound versus Wegovy**
Testes diretos entre medicamentos são arriscados, pois podem mostrar que um medicamento é igual ou menos eficaz que o concorrente. A Eli Lilly acredita que vale a pena correr esse risco com o Zepbound. Em um estudo chamado SURMOUNT-5, 700 pessoas foram incluídas para provar que o Zepbound é melhor que o Wegovy na redução de peso em pessoas com obesidade ou sobrepeso e complicações relacionadas, como doenças cardíacas. Os resultados são esperados até o final do ano e podem influenciar a opinião de médicos e pacientes sobre qual medicamento oferece melhores benefícios para perda de peso.
Até agora, o Zepbound parece superior, ajudando pessoas com obesidade a perder até 21% do peso corporal, enquanto o Wegovy teve uma redução de 16% nos testes da Fase 3. Um resultado positivo pode elevar o valor de mercado da Lilly acima de US$ 1 trilhão, um feito inédito entre empresas farmacêuticas.
**Novo e seu ‘agonista duplo’**
O Wegovy estimula um hormônio metabólico chamado GLP-1, enquanto o Zepbound também mira o GIP. A Novo Nordisk está testando um novo medicamento, chamado cagrisema, que combina semaglutida, ingrediente ativo do Wegovy, com outro composto que imita o hormônio amilina.
O estudo de Fase 3 do cagrisema, chamado REDEFINE1, está em andamento e os dados devem ser divulgados no quarto trimestre. Os resultados podem ajudar a Novo a enfrentar a concorrência da Lilly, caso o SURMOUNT-5 favoreça o Zepbound.
**Concorrente da Amgen**
A Amgen, conhecida por outros tipos de medicamentos, está desenvolvendo um remédio chamado maritide, que mira os mesmos hormônios do Zepbound, mas de forma diferente. A injeção é mensal, em vez de semanal.
Os resultados da Fase 2 do maritide são esperados até o final do ano. O teste incluiu quase 600 pessoas com obesidade, algumas com diabetes, para avaliar a perda de peso ao longo de 52 semanas.
**Pílula contra obesidade**
A Novo desenvolveu uma versão oral do Wegovy, e a Lilly avançou com seu comprimido oforglipron para a Fase 3 dos testes. Outras empresas também apostam que as pessoas com obesidade preferirão uma pílula a uma injeção. A Roche, por exemplo, adquiriu a Carmot Therapeutics por US$ 2,7 bilhões para desenvolver medicamentos contra a obesidade.
**Preservação da massa muscular**
A rápida perda de peso com agonistas de GLP-1 também reduz a massa muscular, o que preocupa alguns especialistas. Empresas estão buscando formas de preservar a massa muscular magra. Um teste em andamento é o do enobosarm da Veru, que estimula hormônios que constroem músculos. Os resultados são esperados até o final do ano.
**Novo alvo de medicamento**
Além dos hormônios conhecidos, há novas abordagens em teste. Uma delas envolve bloquear um receptor chamado CB1, que regula o apetite. A Skye Bioscience está testando um novo medicamento chamado nimacimab, com resultados esperados até meados de 2025.
Esses desenvolvimentos mostram como o mercado de medicamentos contra a obesidade está evoluindo rapidamente, com novas opções e abordagens sendo exploradas.